quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Felipão planeja volta ao futebol paulista em 2011

Nos início dos anos 80, Chico Buarque cantava: "Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto... eu tô voltando/põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama... eu tô voltando." Emocionava Tô voltando, um hino de boas-vindas aos brasileiros que, enfim, ganhavam o direito de retornar, sem medo da repressão. Eram tempos de anistia, de filhos desgarrados que faziam as malas e largavam na Europa parte da angústia e das marcas provocadas pelos Anos de Chumbo.

Com ligeira adaptação, e sem deturpar uma obra-prima de Paulo Cesar Pinheiro e Maurício Tapajós (não, a música não é Chico), Luiz Felipe Scolari antecipa 2011: "Pode preparar aquele churrasco e põe o chimarrão pra esquentar... que eu tô voltando "O técnico campeão do mundo em 2002 e quarto colocado em 2006 ensaia o regresso, após exílio voluntário e regiamente pago, que começou em 2003 ao assumir a seleção portuguesa e que deve acabar em dezembro de 2010 no Bunyodkor, do Usbequistão. "É projeto familiar", revela Felipão, em breve passagem por São Paulo, cidade que escolheu para ser novamente porto de chegada - já morou na capital paulista, quando comandou o Palmeiras. "Minha mulher e meu filho mais novo topam voltar, se for para São Paulo. É para cá que viremos", garante.

O desafio usbeque está a meio caminho ("Quero ajudar na expansão desse centro"), a ânsia por títulos não é o que o move atualmente ("É bom ganhar, mas já passei dessa fase") e o momento é de curtir o que cultivou. Felipão se considera bem-amado. "Vejo que as pessoas se aproximam de mim porque gostam e não porque sou técnico deste ou daquele time", constata "É carinho gratificante", festejou, antes da homenagem que recebeu da Câmara Portuguesa de Comércio e que o tirou por algumas horas das férias no Rio Grande do Sul."Tenho de voltar, porque não posso perder aulas na autoescola", diverte-se Felipão.

A carteira de habilitação venceu e, depois de dirigir no Japão, na Arábia, em Portugal e no Usbequistão, ele agora tem de fazer reciclagem. "São doze horas, com todo o ritual", comenta, com um pfff! seguido de careta que lhe é tão característica.Toda vez que vem ao Brasil a saudade bate, a idade provoca reflexões. Os filhos estão encaminhados (o mais velho mora e trabalha em Portugal, enquanto o mais jovem quer estudar nos Estados Unidos). Daí a vontade de interromper a fase andarilha e aquietar-se, com a mulher. "Tenho 61 anos, com 65 deixo de ser técnico", programa Felipão, impaciente com o desgaste provocado pela função que o consagrou.

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